Maior acidente radioativo do Brasil completa 25 anos
Há exatos 25 anos, em 13 de setembro de 1987, o Brasil conheceu a fundo o Césio 137. Tudo por causa de uma cápsula do material, que causou o maior acidente radioativo da história do país, em Goiânia. Devair Alves Ferreira, proprietário de um ferro velho na capital goiana naquela época, comprou uma cápsula de chumbo de dois homens, que encontraram o objeto nas ruínas do Instituto Goiano de Radioterapia, fechado em 1985.
O dono do ferro então resolveu quebrar e abrir a cápsula, que continha um pó de cor azul, o que maravilhou a todos. Devair então mostrou para seus amigos e seus familiares. Uma das filhas dele, Leide, na época com seis anos, misturou o pó nas mãos e contaminou os alimentos que ingeriu mais tarde com o pó de Césio 137. Por anos, a criança foi considerada a maior fonte de radiação do mundo.
Após a garota passar mal, a mãe da criança levou Leide e a peça para um médico analisar, o que contaminou as pessoas que estavam no ônibus. O alerta de contaminação de milhares de pessoas foi emitido 16 dias após a primeira contaminação. Leide, símbolo do acidente por conta da ingestão do pó, morreu no dia 23 de outubro de 1987. A criança teve de ser enterrada em um caixão de chumbo para conter a radiação.
Mais de 112 mil pessoas foram contaminadas pelo Césio 137. Atualmente, muitas vítimas da radiação sofrem com os problemas causados pelo acidente, como marcas pelo corpo e perda de membros. A região da rua 57, onde ficava o Instituto Goiano de Radiologia e a rua 26-A, onde ficava o ferro velho, foram revitalizadas pelo poder público goiano.
O terreno onde ficava o instituto foi limpo, de onde foram retiradas 13,5 mil toneladas de lixo atômico. Entre esse lixo estão 1.200 caixas e 2.900 tambores que permanecerão nocivos ao meio ambiente por 180 anos. Para armazenar o lixo, foi criado o Parque Estadual Telma Ortegal, no município de Abadia de Goiás, onde o material foi colocado, revestido por uma parede de cerca de um metro de espessura, formada por concreto e chumbo.